02 junho 2016

Mas e Se...?

As coisas são do jeito que elas devem ser. Não há motivos para lamentar um Se qualquer. Não haveria outro jeito de se viver isso, não dentro da nossa realidade. Esse Se, que remete à dúvida, incompletude, lamento etc... “Ah! Mas Se ele...” Não, não quero ouvir. E nem vou carregar essa mágoa do destino de achar que as coisas deveriam ser diferentes, porque sei o que o Se, na sua infinita margem de possibilidades de transformar tantas ideias em possíveis realidades, poderia ser sim bem cruel. Logo, lamentar por uma realidade inexistente iria eu não ficar feliz pelo que tenho? Fico feliz sim, fico feliz pelo encontro.

Há quem não entenda o que acontece e que vive a se perguntar: qual é a real ali? Olhe... confesso que passei muito tempo me fazendo a mesma pergunta, questionando inclusive que espaço da minha vida você poderia ocupar, ao ponto de me causar certo incômodo do quanto tem se tornado importante. Mas pra explicar a quem se pergunta e pra me consolar eu vou me apropriar de uma a frase de Montaigne: "Porque era ele, porque era eu..” Mais claro, simples e completo, impossível.


Hoje me atrevo a afirmar que existe amor, não do jeito que as pessoas esperam e nem no formato de uma paixão fulminante. De algum jeito é amor. Um pouco longe de ser uma história tipo Emma e Dex, eu gosto de comparar um pouco com eles, mas só até aquela cena do telhado (risos). Gosto da inexplicável conexão que existe entre esses dois amigos.

Talvez as coisas mudem muito agora, ou não. “Mas e Se agora...” shiiii... Deixa, eu não quero ouvir. Talvez eu chore as pitangas e ouça meia dúzia de músicas, aquelas que eu gosto de ouvir para fazer tudo parecer mais dramático. Talvez as coisas continuem do jeito que sempre foram ou até melhorem, as possibilidades do Se vão se configurar realidade na hora certa, só sei que hoje o mundo está exatamente onde ele deveria estar. Por hora, o que eu posso dizer é só o que desejo agora: “Seja feliz onde quer que fores, mas se por acaso não possa me levar pela mão, me leve no seu coração e se por acaso não possa no seu coração me levar, me leve no seu lembrar.” (sim, eu parafraseei Ferreira Gullar bem feio kkkkk).


Filme: Um dia (2011), Direção: Lone Scherfig.




Um comentário:

  1. Nara, esse seu texto me fez lembrar a carta de Sophie para Claire em "Cartas para Julieta", que, sem sombra de dúvidas, representa o melhor momento do filme:

    Querida Claire,

    "E" e "se" são duas palavras tão inofensivas quanto qualquer palavra. Mas, coloque-as juntas, lado a lado, e elas têm o poder de assombrá-la pelo resto de sua vida. E se? E se? E se?
    Não sei como sua história acabou, mas se o que você sentia na época era amor verdadeiro, então nunca é tarde demais. Se era verdadeiro, então por que não o seria agora? Você só precisa ter coragem para seguir o seu coração. Não sei como é sentir amor como o de Julieta, um amor pelo qual abandonar entes queridos, um amor pelo qual cruzar oceanos. Mas, gosto de pensar que, se um dia eu o sentisse, eu teria a coragem de agarrá-lo. E se você não o fez, espero que um dia o faça.

    Com todo o meu amor,
    Julieta.


    Representa tão bem o conhecido medo de não ter tentado de Shakespeare, de não ter arriscado... Acho que eu só acrescentaria que, talvez, haja diversas formas de amor. E que, talvez, nem todas essas formas necessitam de uma vida inteira para serem vividas. Às vezes, são um simples recorte do tempo. E compreender a dimensão dessa liberdade do amor exige tanta coragem quanto a de buscar um amor como o de Julieta.

    Enfim, você deveria escrever mais por aqui.

    Beijos,
    Carlinha





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