08 setembro 2010

Traficante de Sentimentos

A vida é agora. E você ai parada com a mão no queixo, olhando o movimento das pessoas, sem participar de nada, esperando que alguma coisa aconteça, uma surpresa, algo que interrompa esse estado de inércia que você se colocou. Tá me entendendo?
Sim. Eu sei como é. Ele aparece do nada, convidativo, sedutor e você seria capaz de não querê-lo? Claro que não. E acaba sendo guiada pelo instinto, pelo menos dessa vez você se permite entrar no jogo, sem racionalizar de mais, pra ver e pra sentir o gosto da insensatez. É tudo muito bem feito, um enredo bem amarrado, escrito sob medida para a próxima trouxa. E ele começa a desenvolver as cenas, cheio de mentiras que agradam que talvez até ele mesmo acredita no que diz, tão pobre e mesquinho esse rapaz... Não há coração de mais ninguém nessa história. Acredite, o único coração aqui é o seu, O Grande Troféu. Esse é o objetivo, conquistar você só pelo prazer estúpido de te mal tratar, fazer sofrer, você é o motivo das gargalhadas dele, uma piada, esse é um legítimo Traficante de Sentimentos, um gângster afetivo amoroso, um filho da puta que nem pra canalha serve, patife, um mau caráter abaixo do nível do cafajeste.
Ha, sim... Por que o cafajeste é um enganador, egoísta. O canalha é um cara que quer curtir a vida, sem enganar ninguém. Já um Traficante de Sentimentos não. É mais cafajeste do que canalha, um pilantra também, mas com requinte de crueldade, um sádico amoroso profissional, um ser inconstante e totalmente indefinido, que fica ali te consumindo como um parasita asqueroso, alimentando você só de migalhas onde não há crédito para as emoções, é pelo prazer e mérito de poder dizer batendo no peito com seu ego todo inflado: “Ela é apaixonada por mim.”
Não adianta se iludir é fato, isso existe e eles estão ai no meio deles, dos outros, procurando quem será a factível vítima dessa loucura sórdida, é disso que ele se alimenta. Não fica ai parada não garota, vê se aprende, entra na dança e só deixe o seu coração na mão de quem pode.

"A vida é agora, aprende. Ainda outra vez tocarão teus seios, lamberão teus pêlos, provarão teus gostos. E outra mais, outra vez ainda. Até esqueceres faces, nomes, cheiros. Serão tantos. O pó se acumula todos os dias sobre as emoções". (Caio Fernando Abreu)


03 setembro 2010

Dos filmes e livros


Adoro os filmes e os livros que simplesmente não terminam.
Não os que continuam na versão 2, 3 ou O retorno. Não. Mas aqueles que não têm um final, seja ele feliz ou triste. Aqueles que te permitem cogitar os seus possíveis finais.

E não ter um final feliz não significa que as pessoas não estavam rindo na última cena, que Veronika tenha morrido ou que a menina má e o bom menino não tenham sido felizes juntos. Porque o interessante é não ter a certeza do fim. É não saber se depois do reveillon, eles vão ficar juntos ou se Capitu traiu ou não traiu Bentinho.

O interessante é não terminar no ponto final. É simplesmente colocar mais dois pontinhos e transformar tudo numa reticências. E depois, podem aparecer algumas vírgulas, travessões, interrogações. E até mesmo, podem ter alguns pontos. Mas que eles sejam ponto continuando. Até porque nesses tipos de livros e filmes é difícil colocar um ponto final...

E cá entre nós, grandes finais não seriam nada sem um incrível início.

"Comprovei que tudo que já foi escrito sobre o amor é verdade. Shakespeare disse: "as buscas terminam com o encontro dos apaixonados". Que idéia maravilhosa!! Pessoalmente, eu nunca passei por nada parecido com isso. Mas estou convencida de que Shakespeare já. Suponho que penso no amor mais do que deveria; me admira o grande poder do amor em alterar e definir as nossas vidas. Shakespeare também disse que o amor é cego. Isso sei que é verdade.
Para alguns, sem explicação, o amor se apaga. Para outros o amor se vai.. ou brota quando menos se espera, mesmo que seja só por uma noite. No entanto, existe outro tipo de amor. O mais cruel... aquele que quase mata suas vitimas. Chama-se "amor não correspondido". E nesse tipo, sou experiente. A maioria das histórias de amor falam das pessoas que se amam mutuamente. Mas, o que acontece com os demais? E as nossas histórias? Aqueles que se apaixonam sozinhos? Somos vítimas de uma relação unilateral. Somos os amaldiçoados dos amantes, somos os não amados. Os mortos vivos, os deficientes sem estacionamento reservado..."

Abertura de O amor não tira férias

Um romance com tudo para ser piegas, mas não.
E sabe? Não importaria...
"Eu gosto de coisas piegas."