A vida é agora. E você ai parada com a mão no queixo, olhando o movimento das pessoas, sem participar de nada, esperando que alguma coisa aconteça, uma surpresa, algo que interrompa esse estado de inércia que você se colocou. Tá me entendendo?
Sim. Eu sei como é. Ele aparece do nada, convidativo, sedutor e você seria capaz de não querê-lo? Claro que não. E acaba sendo guiada pelo instinto, pelo menos dessa vez você se permite entrar no jogo, sem racionalizar de mais, pra ver e pra sentir o gosto da insensatez. É tudo muito bem feito, um enredo bem amarrado, escrito sob medida para a próxima trouxa. E ele começa a desenvolver as cenas, cheio de mentiras que agradam que talvez até ele mesmo acredita no que diz, tão pobre e mesquinho esse rapaz... Não há coração de mais ninguém nessa história. Acredite, o único coração aqui é o seu, O Grande Troféu. Esse é o objetivo, conquistar você só pelo prazer estúpido de te mal tratar, fazer sofrer, você é o motivo das gargalhadas dele, uma piada, esse é um legítimo Traficante de Sentimentos, um gângster afetivo amoroso, um filho da puta que nem pra canalha serve, patife, um mau caráter abaixo do nível do cafajeste.
Ha, sim... Por que o cafajeste é um enganador, egoísta. O canalha é um cara que quer curtir a vida, sem enganar ninguém. Já um Traficante de Sentimentos não. É mais cafajeste do que canalha, um pilantra também, mas com requinte de crueldade, um sádico amoroso profissional, um ser inconstante e totalmente indefinido, que fica ali te consumindo como um parasita asqueroso, alimentando você só de migalhas onde não há crédito para as emoções, é pelo prazer e mérito de poder dizer batendo no peito com seu ego todo inflado: “Ela é apaixonada por mim.”
Não adianta se iludir é fato, isso existe e eles estão ai no meio deles, dos outros, procurando quem será a factível vítima dessa loucura sórdida, é disso que ele se alimenta. Não fica ai parada não garota, vê se aprende, entra na dança e só deixe o seu coração na mão de quem pode.
"A vida é agora, aprende. Ainda outra vez tocarão teus seios, lamberão teus pêlos, provarão teus gostos. E outra mais, outra vez ainda. Até esqueceres faces, nomes, cheiros. Serão tantos. O pó se acumula todos os dias sobre as emoções". (Caio Fernando Abreu)