04 outubro 2011

Uma questão de decisão.





Imparcialidades ou ficar em cima do muro nunca foi o meu forte. Gosto de pessoas de opinião, de pessoas decididas. Que mania chata de algumas pessoas insistirem em viver no outono! Isso em nada me atrai. Talvez, por eu ser do nordeste e só estar acostumada com duas estações do ano: calor ou chuva. Chega a ser um grande defeito – meu, é claro - especialmente em ocasiões alheias. Não consigo não tomar partido, não ter um lado, não defender o que acho justo. Não ter uma opinião, ainda que não explícita, ainda que contrária, me inquieta.

Apesar de parecer ter algum estereótipo para participar de reality shows, - já repararam a quantidade de dentistas que têm passaporte fácil para esses programas? – a minha participação estaria ameaçada na primeira discussão grupal. Ia comprar fácil a briga dos outros, vê se pode? Lá se vai a minha chance de ser famosa, ser uma grande artista, gravar comercial e ser capa de revista...

Acho que o Veríssimo foi bastante feliz ao dizer: “Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase. – E tenho para mim que o talvez e o quase estão em uma escala de incômodo bem próximos – (...) Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza”. Até a própria Indecisão sempre me pareceu ter uma definição bastante decidida, muito bem resolvida: “Quando você sabe muito bem o que quer, mas acha que deveria querer outra coisa”. (Adriana Falcão)

Para quem sempre calculou passos, pesou escolhas e planejou detalhes, estar sem ideias definidas ou sem planos claros é desconcertante. É como se tivesse um degrau falso na escada, uma placa errada na estrada. Decidiu-se tudo com tanta vontade em dar certo e, de repente... “É, Joseph Climber, a vida é mesmo uma caixinha de surpresas!”  E tudo muda de lugar. Retorna-se ao ponto de partida. À estaca sem decisões, sem opiniões, sem planos. Isso até lembrar, providencialmente, como um estalo divino de trazer à memória aquilo que nos dá esperança: “Não andeis ansiosos quanto ao dia de amanhã, pois o dia de amanhã cuidará de si mesmo.” (Mt. 6:34)

E ai percebe que o caminho pode não ser em linha reta, mas está muito bem traçado por quem entende bem desses assuntos futuros. E que tudo tem seu tempo determinado e que nem sempre o tempo que se planejou é o mais apropriado. É confiar firmemente que certas coisas acontecem porque definitivamente precisavam acontecer. E, ainda que num primeiro momento pareça que não, isso era o melhor que poderia ser porque os planos de Deus são perfeitos. E que, para coisas maiores chegarem, é preciso se desfazer de coisas pequenas. É aprender a recomeçar. É levantar a bandeira do firme fundamento das coisas que se esperam e da prova das coisas que não se veem.

E, finalmente, entende que para controlar as ansiedades, é preciso decidir... Decidir pela paciência. E quando, pacientemente, lançar fora sobre Ele todas as ansiedades, abre-se um mar de promessas (leia-se: um mar de oportunidades). Consegue, então, ver que esse mar está melhor do que nunca para surfar, o dia bem ensolarado para uma boa praia e o arco-íris tem sete cores bem vivas, bem distintas. E quando menos esperar, encontra o pote de tesouros que fica depois dele.

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E agora?! Alguém ai me ensina a surfar? =x