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á pessoas que apenas passam por nós na vida. Passam sem
que deixem qualquer rastro, seja ele bom ou ruim. Elas não te fazem mal, também
não te fazem bem. São pessoas outono, mornas com folhas secas. Às vezes, nem é
uma passada rápida assim. É uma estação inteira de tão longa que é a parada.
Mas, nada especial ligavam os trilhos de suas vidas. E quando o trem delas
parte... quase não se nota a saída, quase não se ouve o barulho do apito, quase
não se sente a mudança do tempo.
Há outras pessoas que a gente gosta. Gosta e não sabe
explicar o porquê. Elas são primavera, são verão. Germinam, iluminam. Elas te
fazem bem, até quando não estão tão perto assim, apenas por se saber que elas
existem ali. Elas também são inverno. Às vezes, elas te fazem mal... às vezes. As
pessoas nem sempre acertam e isso não diminui o valor que elas têm. Elas nos
mostram algumas coisas importantes da vida, mesmo que não tenham a menor ideia
disso. Ocupam um lugar paralelo, uma cadeira reservada. Elas compartilham
gostos, sons, cheiros. E quando se pensa nelas, logo aparece um sorriso
estampado no rosto.
Mas, às vezes, elas não podem ficar por perto todo o
tempo. Elas também precisam ir – quem sabe, ser a estação de outras pessoas. E a gente, num momento egoísta, não entende bem o porquê de
elas precisarem ir. Pra que ser o outono de outro? Não poderiam trazer novos
gostos, sons, cheiros aqui? E quando o trem delas parte... vê-se a vida em
câmera lenta. Sente as batidas do coração apertado. Escuta palavras de
despedida, doces e duras, ao mesmo tempo. Mudaram as estações e o tempo se
encarrega de desatar os nós curtos.
Uma amiga – que ainda não precisou ir, felizmente -
falava frequentemente como o tempo só nos faz lembrar as coisas boas. Parece
ser verdade. Devem ser os nós longos os das coisas boas, os que não se desatam
fácil. E isso não importa o tempo que tenham durado. Pode ter sido por três
estações inteiras ou pode ter sido só num belo fim de tarde. Não importa. Elas
- essas pessoas - permanecem em nós por toda a vida. E sempre irá lembrar-se
delas com os felizes acasos: ao escutar uma música, quando ler um
trecho de um livro comum, ao assistir a uma cena de um filme qualquer. Vai
lembrar até quando, às vezes, esforçar-se fortemente para não lembrar... Não, não
é por mal, é que desatar nós deixa a corda marcada, um pouco dolorida.
Não sou muito boa em me despedir das pessoas com as
quais eu me importo – já disse isso aqui. Mas, gosto de pensar que quando isso precisa
me acontecer, eu tenho coragem de deixá-las ir (elas precisam disso), de permitir
que os nós curtos se desatem. E também tenho coragem de atar
bem os nós longos, os bons (eu preciso disso). Outras estações virão e enlaçar fortemente os nós
longos ajuda a manter o doce sorriso nos lábios que os felizes acasos trazem junto às
lembranças delas - aquelas pessoas que nos importam na vida. As outras, realmente tanto faz.
De outubro/2015.
Muito amor por essas pessoas e por esse blog. <3
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